terça-feira, 20 de janeiro de 2015

I CONCURSO DE TROVAS DE ITAPEMA/SC

I CONCURSO DE TROVAS DE ITAPEMA/SC
REGULAMENTO


As trovas devem ser líricas ou filosóficas, em língua portuguesa, com os seguintes temas, valendo variação em número e cognatos:

- Âmbito Nacional/Internacional: “Maré” - (exceto Santa Catarina)

- Âmbito Estadual (somente para residentes em Santa Catarina) “Onda” (*)

Cada autor poderá enviar até 2 (duas) trovas, inéditas, pelo sistema de envelopes(**) , para:

I Concurso de Trovas de Itapema/SC
Rua 137 nº. 173 – sala 3
88220-000 – Itapema - SC

Colocar como remetente Luiz Otávio e o mesmo endereço do destinatário.
Deverá constar no envelopinho com a trova o tema no qual concorre. Somente para o tema “Maré” (nacional/internacional) aqueles que desejarem concorrer na categoria “Novos trovadores” devem preencher este requisito: não terem acumulado três premiações em concursos de trovas em âmbito nacional. Nesse caso, é imprescindível escrever “Novo trovador” logo abaixo da trova.

Prazo de remessa: Serão consideradas as trovas postadas até 31/05/2015, valendo carimbo do correio.

Premiação: Publicação na internet e diplomas virtuais para os vencedores.

Os autores selecionados concordam com a divulgação de seus trabalhos em qualquer meio, sem ônus aos organizadores, a título de direitos autorais.


Coordenação: Eliana Ruiz Jimenez
Delegada da UBT de Itapema/SC


(*) Excepcionalmente para autores de Santa Catarina não habituados com os sistema de envelopes, a participação poderá ser feita pelo e-mail poesiaemtrovas@gmail.com digitando a trova no corpo do e-mail (não enviar em anexo) e colocando logo abaixo o nome, endereço completo, e-mail e telefone.
Dúvidas/informações: poesiaemtrovas@gmail.com

(**) Veja neste blog, na postagem abaixo, como é o funcionamento do sistema de envelopes.


O QUE É SISTEMA DE ENVELOPES?


COMO ENVIAR TROVAS PELO SISTEMA DE ENVELOPES


Para remessas de trovas em concursos promovidos ou apoiados pela UBT - União Brasileira de Trovadores, a utilização padrão é a do "SISTEMA DE ENVELOPES" cujo objetivo é padronizar as trovas para preservar o sigilo da autoria:

1) Datilografar ou digitar o tema e a trova na face externa de um envelopinho de cor branca, medindo aproximadamente 8 x 11 cm (não é tamanho carta, é um envelope menor, de convite). Não será aceita trova manuscrita.

2) Colocar dentro desse envelopinho uma papeleta com a identificação do autor da trova, seu endereço completo, telefone, e-mail  e assinatura. Em seguida, lacrar o pequeno envelope, para manter o sigilo exigido nos concursos.
3) Colocar esse envelopinho dentro de outro maior e remeter para o endereço do concurso. Como remetente, colocar sempre "Luiz Otávio", e repetir o endereço do destinatário.

a) Nos concursos em que se possa concorrer com mais de uma trova, todas elas poderão ser enviadas juntas, ou seja, cada qual em um pequeno envelope e todas dentro de um único envelope maior.

b) As trovas a serem enviadas para os concursos deverão ser inéditas, ou seja, não poderão ser trovas já premiadas, nem já publicadas.
c) Trovas enviadas para um concurso e não premiadas, nem divulgadas poderão ser reaproveitadas em concursos posteriores.

d) Eventualmente algum concurso estipula, no Regulamento, que o remetente seja outro nome, e não "Luiz Otávio". Atentar para esse detalhe e seguir o que o regulamento solicita.

OBSERVAÇÕES

I: Se não constar no regulamento específico, não é obrigatória a utilização da palavra-tema na trova (pode ser cognata, ou nem constar, desde que fique claro o sentido da mensagem, em relação ao tema exigido).

II: A divulgação dos concursos em andamento e os resultados consta de Informativos e também de vários sites. O www.falandodetrova.com.br é um deles.

III: Se eventualmente um concurso não utilizar o "Sistema de Envelopes", leia com atenção o regulamento do mesmo, para não correr o risco de ter seu trabalho desclassificado sumariamente.

IV: A partir de 2015 os concursos estaduais/nacionais de trovas líricas/filosóficas, por determinação da UBT Nacional, terão que dividir os concorrentes em "VETERANO" e "NOVO TROVADOR". Se você ainda não conseguiu três premiações a nível nacional, escreva abaixo da trova que enviar: "NOVO TROVADOR". (Boletim da UBT Nacional, nove/2014, pág. 06)

RECOMENDAÇÕES

I: Não inicie todos os versos com letra maiúscula, muito menos digite a trova toda só com maiúsculas, obedecendo sempre a todas as pontuações.

II: Evite enviar simultaneamente para mais de um concurso a mesma trova.

III: Nunca deixe para enviar os trabalhos nos últimos dias. O Correio pode atrasar-se e a maioria dos concursos considera a data de chegada e não a de postagem. Que é outro detalhe a ser visto no regulamento.

IV: Se for premiado, avise em tempo hábil, após receber a competente notificação, se poderá ou não comparecer. Caso compareça, não se esqueça de entrar em contato depois e emitir o seu parecer sobre o evento. As Comissões Organizadoras necessitam muito desses cuidados aparentemente tão simples. Afinal, elas passam o ano todo trabalhando por você.

No mais, concorra sempre. Boa sorte!
Fonte: http://www.falandodetrova.com.br/comoenviar

Exemplo:


segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

COMO FAZER TROVAS

TEORIA DA TROVA
(para iniciantes)

No sentido moderno, trova é um conjunto de 4 versos que tenham sentido completo.
Por ser uma obra poética, obedece a algumas normas:
         1-   deve ter 7 sílabas poéticas;

         2-   as rimas devem ser alternadas.

Para uma idéia segura da composição de uma trova, vamos estudá-la dividindo-a em duas partes: fundo e forma.
        
         Forma  -  é a estrutura da trova, a forma externa, como ela foi escrita;
         Fundo – é o que o autor disse ou quis dizer.
         Vejamos um exemplo:

Saudade, palavra doce
que traduz tanto amargor;
saudade é como se fosse
espinho cheirando à flor.
(Bastos Tigre)


Outro exemplo:

Eu caminho pela vida
de peito aberto, sem medo,
porque da fé fiz guarida
e da luta o meu segredo.
(J. Valdez)

Vejamos agora se estas trovas preenchem os requisitos:

1-   A estrofe tem 4 versos?  - sim.

2-   Cada verso tem 7 silabas poéticas?  - tem.

Vamos contar:

Eu  /  ca  / mi / nho  /    pe / la  /   vi/ da   (A)
1       2       3       4          5        6      7

de /  pei / to a / ber / to / sem / me/ do     (B)

por / que / da / fé / fiz / gua / ri/da           (A)

e /  da /  lu / ta o / meu / se / gre / do.      (B)

1    2       3        4      5        6      7


A contagem das sílabas poéticas chama-se  escansão.
Portanto, escandir um verso é contar suas sílabas poéticas.

Conte as sílabas na-tu-ral-men-te, como se estivesse falando.

Um método prático é contá-las nos dedos da mão, começando pelo dedão, como se você estivesse tocando piano. Assim: eu (dedão) ca (indicador) mi (médio ) nho (anular ) pe (mínimo) la (dedão ) vi (indicador) e assim sucessivamente.

Eu  /  ca  / mi / nho  /    pe / la  /   vi/ da
1        2       3        4           5        6       7


As rimas são alternadas? Sim.
O 1º verso rima com o 3º e o 2º com o 4º.

As rimas também são representadas  por letras, em ordem alfabética.
Assim, temos aí, no exemplo acima:

vi-da no 1º v. =A

me-do    2º v.= B

guari-da 3º v.= A

segre-do 4º v.= B

Portanto, quanto à forma, a trova está correta.

Quanto ao fundo, a análise requer um pouco de sensibilidade.
O leitor deve entender o que o autor quis dizer; em linguagem moderna, o A. emite uma mensagem e o leitor a capta.

Vamos ver isso, superficialmente:
Nos versos 1 e 2 está a mensagem, i.é, o enunciado:
 Eu caminho pela vida......sem medo;
nos versos 3 e 4, o A. dá a razão, explica o porquê de seu caminhar sem medo:
 é um homem de fé e de trabalho.

Na trova de Bastos Tigre o esquema é o mesmo:

- estrofe de 4 vs., rimas alternadas.

As rimas são fonéticas, i.é, tem o mesmo som reproduzido não necessariamente pelas mesmas letras; daí a palavra - doce  - do 1º v.  rimar com -fosse  -  do 3º.

Esta foi a maneira que encontrei para ajudar e incentivar os que querem se iniciar na doce arte de fazer trovas.

Agora, é só exercitar, que é o melhor, se não o único método de aprender a trovar.

Adamo Pasquarelli, abril de 2009.

Fonte: http://poesiaemtrovas.blogspot.com.br/2012/05/como-fazer-trovas-para-iniciantes.html

CONSELHOS PARA FAZER BOAS TROVAS


Dizem que se conselho tivesse realmente valor, a gente não dava, vendia. No entanto, dada a escassez de literatura de ensino sobre a confecção da poesia, especificamente de trova, me aventurei a contrariar o refrão popular e a alinhavar estes, dedicados especialmente aos novos trovadores.
Não há novidade nenhuma nestes conselhos. Alguns são até bem óbvios. Também, evidentemente, a grande maioria deles não se limita só à trova, são comuns para a poesia e para a literatura em geral. Vamos a eles:

1 – Estude português. Conheça ou procure conhecer bem a língua, o vocabulário e seu funcionamento (ou seja, a gramática). O poema é feito de palavras em ação, transmitindo pensamentos e sons. Como o pintor precisa conhecer as tintas e suas maneiras de se ligarem, como o músico necessita saber tudo sobre as notas musicais e os instrumentos que utiliza, o poeta precisa conhecer bem sua matéria prima, ou seja, os vocábulos da língua, como eles interagem uns com os outros. Portanto, se você não sabe português, procure saber.

2 – Leia os bons autores. Estude a maneira como trabalharam a palavra, a frase, o verso. Procure descobrir como é que eles chegaram a certas soluções, a certos efeitos de que você gostou.

3 – Aprenda bem a metrificação. Procure inteirar-se dos segredos da contagem silábica fônica. O ideal é você procurar quem conheça a técnica e estudar com ele.

4 – Não tenha preguiça de fazer, mesmo sozinho, exercícios poéticos de metrificação. Nestes exercícios, procure imitar as trovas ou os trechos dos quais você gosta, variando ou modificando os temas originais. Lembre-se: qualidade e não quantidade é o que se quer da obra de arte.

5 – Valorize-se. Não publique qualquer besteira. Só se permita publicar aquilo de que realmente goste. Exerça rigorosa autocensura de qualidade. Lembre-se que seu nome está em julgamento cada vez que alguém lê algo assinado por você.

6 – Não tenha medo de emendar obras já terminadas ou até publicadas. A comunicação é difícil e há sempre uma melhor maneira de dizer alguma coisa. Vale a pena modificar trechos para alcançar ou aproximar-se, pelo menos, da perfeição.

7 – Por outro lado, há um momento em que se deve parar. Muitas vezes – e isto se dá frequentemente com a trova, que é composição quase que instantânea – o melhor a fazer é abandonar aquele caminho, jogar tudo fora e começar tudo de novo.

8 – Uma boa maneira de exercitar sua criatividade é, mesmo tendo alcançado a comunicação, e feito uma trova que considera boa, recomeçar e tentar comunicar a mesma coisa com outra trova de maneira diferente. Às vezes o resultado disto é tão bom que as duas trovas resultantes podem ser aproveitadas.

9 – A trova exige ser pensada antes de ser escrita. É importante que ela diga alguma coisa, tenha um achado, algo que lhe dê um quê especial, que a torne única entre as outras trovas, ou seja, personalidade. Aproveite bem aquele exíguo espaço de 28 sílabas poéticas. Todas as palavras devem ter função, e não deve faltar nenhuma palavra. Este é um dos grandes segredos da boa trova.

10 – O trabalho final deve estar limpo e completo. Os versos devem ser fáceis de ser lidos e entendidos, as palavras em sua ordem certa, sem mutilações ou inversões. As dificuldades de composição não devem transparecer no resultado final. Tire os andaimes do edifício antes de apresenta-lo ao público.

11 – Na composição do verso da trova, você deve tomar cuidado com a sonoridade, particularmente com a distribuição das vogais pelas sete sílabas, especialmente as tônicas. Será interessante, para evitar a monotonia e aumentar o efeito estético, que as vogais de apoio das tônicas das palavras do verso sejam todas diferentes no mesmo verso. Esclareço com exemplo: “Amada e adorada fada” é um verso onde todas as sílabas tônicas (a 2ª, a 5ª e a 7ª) possuem a vogal de apoio “a”. Resultado: monotonia. No verso “Passarinho, tuas penas”, já as sílabas fortes são todas diferentes: a terceira sílaba tem vogal de apoio “i”, a quinta “u” e a sétima “e”. Note-se que o colorido já é outra coisa!

12 – Você deve aprender o uso inteligente das vogais, especialmente na transmissão de sentimentos, tanto nas rimas como nas vogais de apoio das sílabas tônicas do verso. Não chego ao exagero de dizer (como diziam os parnasianos) que a cada vogal corresponde uma cor – mas, indubitavelmente, as cores claras, a alegria, a leveza, estão nas vogais mais abertas – a – é e ó. A tristeza, a gravidade, o luto, a morte, o pesadume são domínio das vogais ê, ô e u. O “i” tem algo tem algo de elétrico, subitâneo, cortante, gritante, frio... O ê, êm, on (ou õ) e o na (ou ã) transmitem volúpia, langor, preguiça, paragem...

13 – Não use clavilhas, ou palavras colocadas ali sem necessidade, apenas para completar as sete sílabas do verso. Procure utilizar todas as sílabas para reforçar a mensagem.

14 – Por outro lado, não use palavras mutiladas pelo apóstrofo. A língua portuguesa é riquíssima de sinônimos e de recursos, e as chamadas “licenças poéticas” não cabem mais na trova moderna. Não se escreve mais “minh’alma” e copo d’água”; a elisão se dá na pronúncia, normalmente.

15 – Não inverta a ordem natural das palavras, a não ser quando permissível na linguagem comum. Tais inversões, muito usadas na poesia do passado, perturbam a fluência natural do entendimento do verso.

16 – Não utilize frases vazias, apenas para “encher linguiça”. Trovas a gente às vezes vê onde a mensagem está concentrada em apenas um ou dois versos – sendo os outros constituídos de umas bobaginhas com rima, só para completar a trova. Não faça isso. Deve usar os quatro versos para dizer algo em todos eles – e com todos eles.

17 – Tome cuidado com os cacófatos. Leia sua trova em voz alta para ver se não entrou nela alguma “palavra pirata”, roubando o sentido da frase e destruindo qualquer efeito poético que você quis dar, formada, por exemplo, com sílabas de palavras contíguas: “o álbum da moça”, “pouca galinha”, “não há sapatos” (que pode ser entendido por “não assa patos”), “que belos versos compus” (versos doentes, pois estão com pus...).

18 – Não use palavras dissonantes, malsoantes, com “encontros” ou “esbarrões” de sílabas tônicas, como: “nesta data tão querida”. Evite coisas como a preposição “como”, que pode transformar-se em tempo verbal de “comer”: “como a poeira dos anos”, ou “desabrocha” – que pode significar “diz a brocha”...

19 – Não use expressões batidas, lugares comuns. Procure sempre ser original, combinar as palavras de maneira nova. Afinal a arte poética é isso: a procura incessante de novas maneiras de expressão.

20 – Os adjetivos devem ser usados com parcimônia. Os substantivos e os verbos são a essência da comunicação verbal. Os adjetivos devem aparecer pouco, apenas para colorir, perfumar, temperar.

21 – E a rima? Importantíssimo elemento da trova, que só possui no máximo duas, ou seja, dois pares de versos com rimas iguais. E essas duas rimas devem ser escolhidas com cuidado e critério. Como disse Banville, as rimas devem parecer surpresas de se encontrar, mas ao mesmo tempo contentes com o encontro.

22 – Evitar que os dois pares de rimas fiquem parecidos entre si, ou seja, tenham sons idênticos. Para isso, não devem ter as vogais de apoio iguais: para isso, não devem ter as vogais de apoio iguais: óde/ófa; une/ula; ado/ave – ou serem homófonos: ente/ezes; uva/lua; ora/oda.

23 – Não rimar timbres diferentes de “e” e de “o”. Chapéus não rima com Deus, nem festa com cesta, nem foi com herói, etc.

24 – Evitar rimas muito fáceis. Mesmos tempos de verbo: amaram/voltaram; serão/amarão. Ou diminutivos: amorzinho/cachorrinho. Ou advérbios em mente: somente/constantemente. Quando aparecer uma rima em diminutivo, rimar com outra palavra de mesma terminação: cachorrinho com vinho, vizinho, ninho... Constantemente com gente, ausente, etc.

25 – Evitar rimas evidentes, já muito batidas: noivo/goivo; noite/açoite; olhos/abrolhos; água/mágoa; Brasil/gentil/varonil.

26 – Evitar as cavilhas de rima – por exemplo: inventar nomes próprios, às vezes pouco usuais ou inexistentes, e introduzi-los na trova só para resolver um problema de rima. Tal recurso é muito usado em concursos de trovas humorísticas, mas não convence.

27 – Recurso antigo, mas eficaz, é procurar rimar categorias gramaticais diferentes. Substantivos com verbos, adjetivos com pronomes, etc. Exemplos: verdes/terdes; foi/boi; assim/vim; nada/adorada...

28 – Importante auxiliar da composição é o dicionário de rimas – um livro onde aparecem, listadas de acordo com as suas rimas, as palavras da língua. Existem diversos no mercado.

29 – Também o dicionário da língua é importante auxiliar de composição. Você deve conhecer o significado profundo e inequívoco de cada palavra que emprega.

30 – Para escrever uma trova não há fórmula ou receita de bolo. Começa-se escrevendo um dos quatro versos da trova. Este será o núcleo inicial, do qual nascerão os outros, já determinando um dos dois pares de rima, e não é, necessariamente, o que ficará no início da trova. O verso seguinte complementará o pensamento ou rimará com ele. Será interessante ir numerando de 1 a 4, a provável posição final dos versos que vão nascendo. A necessidade da rima ou da fluência verbal podem, depois, modificar tal posição.

Prossegue-se a composição, tentando, mudando a disposição das palavras, brincando com elas, descobrindo sua música e seus significados, tendo em vista, naturalmente, a ideia, a mensagem a transmitir, o sentimento a comunicar – e um efeito final especial, o “achado” que, para ser achado, precisa ser procurado...

Na dúvida de qual verso ou maneira de expressão adotar, vá escrevendo as diversas soluções (com sinônimos, palavras de mesma rima, etc), na folha em branco, embaixo da outra. Assim você não esquecerá delas e as terá à disposição para o caso, por exemplo, de ter de interromper o trabalho ali para fazer outra coisa. Tal listagem de alternativas do mesmo verso facilitará a escolha final – que, por sua vez, pode ser até uma solução híbrida entre duas alternativas da lista.

É isso aí. Divirta-se!
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NOTA: esse texto faz parte do livro “TROVADORES 88”, 1º volume, antologia de trovas organizada por Antônio Soares, ocupando as páginas 18/22. Embora alguns trechos pareçam defasados, pois o texto foi escrito em 1988, considero-o extremamente útil, principalmente aos que se iniciam na Trova.
O autor do mesmo é o grande historiador da Trova, o pontagrossense
ENO TEODORO WANKE.

Fonte: http://www.falandodetrova.com.br/conselhosparafazeraboatrova

DECÁLOGO DE METRIFICAÇÃO

Para melhor compreensão do Decálogo de Metrificação, ele vem seguido
de um Glossário, por ordem alfabética.
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DECÁLOGO DE METRIFICAÇÃO


1) - As sílabas são contadas até a última tônica do verso.

2) - As pontuações não impedem as junções de sílabas.

3) - Não se deve fazer o aumento de uma sílaba métrica nos encontros
consonantais disjuntos, (ou seja: não usar "suarabacti").

4) - Uma vogal fraca faz junção com a vogal fraca ou forte inicial da
palavra seguinte.

§ único - Aceitam-se exceções a esta regra no sentido de evitar a
formação de sons duros e desagradáveis.

Exemplo: "cuja ventura/única consiste".

5) - Uma vogal forte, pode ou não, fazer junção com vogal fraca da
palavra seguinte, no entanto jamais deve fazê-la com vogal forte.

§ único - Nos casos em que se prefira a junção "forte + fraca",
deve-se ter sempre o cuidado de evitar sons desagradáveis ("mais que
tu/ardo") ou formar novas palavras ("via ao invés de "vi a...").

6) - Pode haver a junção de três vogais numa sílaba métrica.

§ 1º - Não deve haver mais de uma vogal forte.

§ 2º - No caso em que a vogal forte não esteja colocada entre as
vogais fracas e sim em 1* e 3* lugar, para que seja correta a junção,
as duas vogais fracas devem juntar-se por crase ou por elisão, e não
por sinalefa (ditongação). Assim, estará certo: "é a ambição que nos prende e nos maltrata", e não se pode unir as três vogais de "e a / íntima palavra derradeira".

§ 3º - Deve ser usada com cuidado a junção de mais três vogais, embora
haja casos corretos de quatro e até de cinco vogais.

7) - Os ditongos aceitam as prejunções com vogais fracas ("E eu"). As
postjunções são aceitas somente nos ditongos crescentes (encontros
instáveis) ("a distância infinita") e são repelidas nos ditongos
decrescentes. ("Eu sou/a que no mundo anda perdida").

§ único - Há casos de uso facultativo de prejunção de vogais forte aos
ditongos, quando essas vogais são as mesmas dos iniciais dos ditongos
e não forem as tônicas das palavras. (Aceita-se: "Será auspiciosa" e
será inaceitável: "Terá/auto nos pontos".

8) - Nos encontros vocálicos ascendentes (formados por vogais os
semivogais átonas seguidas de vogais ou semi-vogais tônicas), a
sinerese é de uso facultativo. ("ci-ú- me" ou "ciú-me", etc.).

§ único - Há neste grupo, excepcionalmente, encontros vocálicos que
não aceitam a sinérese. Geralmente, são formados pela vogal "a"
seguida das vogais "a", ou "e" ou "o" (como em: Sa/ara, a/éreo,
a/orta, etc.) ou, alguns casos, do mesma vogal "a" seguida das
semi-vogais "i" ou "u" tônicas, como em: "Para/íso, "ba/ú", etc.

9) - Nos encontros vocálicos descendentes (formados por vogais ou
semivogais tônicas seguidas de vogais ou semi-vogais átonas) não se
aceita a sinérese ("tua", "lua", "frio", "rio" etc., sim, "tu/a",
"su/a","fri/o", "ri/o", etc.

§ único - Em algumas regiões do Brasil é usada a sinérese nestes
encontros vocálicos, com base na fonética local. No entanto, não será
aceita na Metrificação, em benefício da uniformidade, uma vez que na
maioria dos Estados é feita a separação dessas vogais.

10) - 0 uso da aférese ("inda", etc), síncope ("pra", etc), apócopes
("mui", e de ectilípse ("com a", "o", "as", 'os") é facultativo.

§ 1º - A junção de "com" mais palavras iniciadas com vogais átonas é
facultativo.

§ 1º - A junção de "com" mais palavras iniciadas com vogais átonas é
correta mas pouco usado. Acompanhando a maioria dos poetas, sempre que
possível, deve ser evitada. ("com amor") etc.

§ 2º - A junção de "com" mais palavras iniciadas com vogais tônicas
não será aceita. ("com esta" etc.).

§ 3º - A junção de fonemas anasalados "am", "im", etc., com vogais
átonas ou tônicas não será aceita. ("formaram" / idéias", "cantaram /
hinos" etc.).

§ 4º - E preciso cuidado com o uso de aféreses, síncopes e apócopes
que, por estarem em desuso ou por formarem, geralmente, sons
desagradáveis, irão ferir a sensibilidade e os ouvidos dos leitores e
dos ouvintes.

GLOSSÁRIO - Por ordem alfabética, para melhor compreensão do Decálogo
de Metrificação.

Aférese - supressão de sílabas ou fonema inicial ("/inda").

Apócope - supressão de sílaba ou fonema final ("mui"//").

Crase - fusão de duas vogais numa só ("a alma"; "e este" etc.).

Dierese - transformação de um ditongo num hiato ("sa/u-da-de").

Ditongo - fusão de uma vogal + semivogal, ou vice-versa; na mesma
sílaba. ("sai", " falei", "Niterói", etc.).

Ditongo crescente - semivogal + vogal (pátria, gênio, diabo, etc.).

Ditongo decrescente - vogal + semivogal (pão,meu, dourado, etc.).

Ectipe - supressão de um fonema nasal final para possibilitar a crase
ou ditongação (sinérese) com a vogal inicial da palavra seguinte.
("com o", "com amor", etc.).

Elisão - supressão da vogal átona no final de uma palavra. ("Ela
estava" = "Elistava").

Encontros consonantais - duas consoantes unidas:

a. inseparáveis - ("bl" - bloco; "fl" - "flor", etc) ou "grupos
consonantais",

b. separáveis - ("gn" - ignóbil; "bs" -Observar) ou "encontros
consonantais disjuntos".

Hiato - uma sílaba terminada, por vogal-base seguida de outra iniciada
também por vogal-base. ("re/eleger", ca/olho, a/éreo, etc.) (Rocha Lima); é o encontro de duas vogais pronunciadas em dois impulsos
distintos, formando sílabas diferentes. (sa/ara, podi/a, sa/úde, etc.)
(Cegalla).

Encontros vocálicos ascendentes - designação de Luiz Otávio - é o
encontro de duas vogais ou semivogais, pronunciadas separadamente,
sendo a primeira fraca e a segunda forte. (ci/ú-me, vi/o-la, po/e-ta,
cru- el-da-de, etc.).

Encontros vocálicos descendentes - designação de Luiz Otávio - é o
encontro de duas vogais ou semivogais, pronunciadas separadamente,

Junção a primeira forte e segunda fraca. ("di/a", "tu/a", "ri/o" , etc.).

Junção - designação de Luiz Otávio - no sentido generalizado para
traduzir a união de sílabas métricas, Abrange pois, os diferentes
processos de diminuição de sílabas poéticas. (comumente e erradamente
empregada pela maioria dos poetas como elisão). Ver no Glossáuro, os
vários processos ou métodos para diminuir as sílabas métricas ou
processos de fazer a junção de sílabas: crase, elisão, sinalefa,
sinérese, alferese, síncope, apócope e ectipse.

Postjunção - designação de Luiz Otávio - junção posterior a uma sílaba
ou palavra.

Prejunção - designação de Luiz Otávio - junção anterior a uma sílaba ou palavra.

Semivogais - são os fonemas "i" e "u", quando ao lado de uma vogal
formam uma sílaba com elo. (Assim em: "pai", "mau", o "i" e o 'u"
funcionam com valor de consoante, em "lu-ta", vi-da", funcionam com
função de vogal).

Sílaba ou métrica ou poética - são sílabas nos versos, (contagem
diferente das sílabas gramaticais).

Sinalefa - fusão ou junção de vogais ou semivogais, entre duas
palavras, formando ditongo (Este amor" = "Estiamor").

Síncope - supressão de fonema ou sílaba no meio da palavra ("p/ra").

Sinérese - transformação de um hiato em ditongo, na mesma palavra.
("ci-úme" em ciú-me".

Suarabacti - "aumento de uma sílaba métrica, pela pronúncia das vogais
de apoio, nos encontros consonantais disjuntos". (Luiz Otávio)
"i-gui-no-rar".

Tônica - sílaba forte, acentuada. Vogais - "Fonemas sonoros, que se produzem pelo livre escapamento do
ar pela boca e se distinguem entre si por seu timbre característico",
(Rocha Lima).

Vogal forte ou fraca - a vogal átona ou acentuada (tônica) da palavra ou verso.

TROVAS DEMONSTRATIVAS DA APLICAÇÃO DAS DEZ REGRAS DA METRIFICAÇÃO
Estas trovas foram feitas para demonstrar os diferentes casos de
aplicações das dez regras da metrificação. Têm, pois, finalidade
didática. Devemos observar em cada uma, pela numeração, aplicação
correspondente. O conteúdo não tem relação com as regras, mas tão
somente com as formas das trovas. O fundo está relacionado com as
mensagens generalizadas sobre os estudos de Metrificação. Portanto,
julguem-nas como utilidade didática e como curiosidade, e não corno
valor artístico.

(Luiz Otávio - Santos, 26/03/1974).

1ª regra - (última tônica)

Poderá a força elétrica
de um sábio computador
ensinar contagem métrica
mas não faz um trovador...

2ª regra - (pontuação)

Pensa em calma! Evita errar,
Injusto é se nos reprovas,
pois não queremos mudar
o modo de fazer trovas.

3ª regra - (encontros consonantal)

Você pode acreditar,
ter a pura convicção
que a ninguém vou obrigar
a ter a minha opinião...

4ª regra - (vogal fraca + fraca)

Podes crer és muito injusto
e estás longe da verdade,
pois na trova a todo custo
defendo a espontaneidade...

5ª regra - (vogal forte+ fraca)

É uma história bem correta
em tudo o ensino é preciso,
no entanto, só o poeta
quer ser gênio de improviso...

6ª regra - (junção de três vogais)

Esta é uma regra indiscreta,
convenções, mal amparadas,
induzem muito poeta
a convicções enraizadas.

7ª regra - (ditongos)

Para medir nossos versos,
se o ouvido fosse o juiz,
em nossos metros diversos
ninguém poria o nariz...

8ª regra - (encontros vocálicos ascendentes)

Na trova, soneto ou poema,
em toda parte do mundo
se a Forma é o seu diadema,
a sua alma é sempre o fundo!

9ª regra - (encontros vocálicos descendentes)

As dúvidas são pequenas
não sejas tão pessimista,
dá-me a tua ajuda, apenas,
e será bela a conquista.

10ª regra - (licenças: aféreses, síncopes, apócopes, ectlipses).

É mui// feio criticar(apócope)
/inda que seja um direito (aférese)
pra ser justo, aulas vem dar (síncope)
com o teu plano sem defeito... (ectlípse)

Frase mnemônica para decorar as dez regras de metrificação:

"Tendo paciência e Estudo você versejará tecnicamente direito
encontrando estética e lirismo."
(T = tônica; p = pontuação; e = encontros consonantais; v = vogal
fraca; v = vogal forte; t = três vogais; d = ditongos; e = encontros
vocólicos ascendentes; e = encontros vocálicos descendentes; l =
licenças poéticas).

Luiz Otávio

Fonte: http://falandodetrova.com.br/dec%C3%A1logo

domingo, 18 de janeiro de 2015

Diplomação como delegada da UBT Itapema na UBT São Paulo






Recebendo o diploma das mãos da presidente nacional da UBT
Domitilla Beltrame. 
Com Ana Cristina, da UBT/SP, à esquerda.